Eu gostava tanto, tanto, tanto deste livro quando era pequena. Procurei-o em casa e na internet, e por fim encontrei-o, porque alguém (obrigada, Guimarães) teve a belíssima ideia de o reeditar. É que é uma das mais intensas recordações da minha infância. E agora recupero-o para a M, com grande satisfação. Pensando bem, acho que vou presentear vários meninos e meninas com um exemplar, neste Natal. Acham que ainda é cedo para pensar nisso?
Descobri agora que o livro, mal saiu da tipografia, foi proibido (e todos os exemplares apreendidos foram queimados) em 1973, por ordem do Governo de Marcelo Caetano, que considerou a obra subversiva. Parece que o livro que andava lá por casa foi um dos poucos que sobreviveram à censura. Esta foi uma das primeiras obras sobre ecologia escritas em Portugal, e para crianças. Fala do risco do mundo, a "casa grande" que é de todos nós, se tornar inabitável; aborda as injustiças e as divisões entre a família dos homens, e os seus tristes resultados. E propõe uma solução, afinal a única possível: mudar a forma de ver este pequeno e belo planeta azul, e a forma de viver nele e entre os outros seres vivos.
Hoje li no jornal, logo de manhã, que embora Portugal tenha reduzido o peso ambiental que representa para o mundo entre 2005 e 2007, ainda seriam necessários 2,5 planetas para suportar o modo de vida dos portugueses. A obrigação de ensinar às nossas crianças uma nova forma de relação entre o homem e a natureza continua a ser tão actual como há 30 anos. Tal como este livrinho.
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