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quinta-feira, 22 de julho de 2010

Dispa-se de preconceitos


Recentemente, ouvi uma conversa entre amigas, quase todas mães, sobre lojas de roupa infantil e artigos de puericultura em segunda mão, a propósito de uma conhecida cadeia internacional que tem vindo a abrir lojas em Portugal. As opiniões das minhas amigas acerca de vender e comprar roupas usadas eram muito distintas.

Para algumas, comprar roupa usada por outra criança para os próprios filhos só poderia ser descrito como “impensável”, “esquisito” e “anti-higiénico”. Ouvi frases como “o meu filho merece roupinhas novas”, o que prova bem a carga emocional que uma mãe consegue dar ao mais banal dos actos…

É verdade que todos sabemos qual é a imagem tradicional das roupas em segunda mão. Na nossa cabeça, vemos peças desgastadas e quase “no fio”, cores desbotadas, jeans coçados, malhas com borbotos, tecidos deformados pelo uso e pelas lavagens. Imaginamos roupas fora de moda e sem graça, os restos sem serventia que outras pessoas rejeitaram. Quase lhes podemos sentir o cheiro a naftalina, combinado com o vago odor de um detergente que não nos é familiar. Apesar de ser a criança mais bonita do mundo, o nosso filho pareceria certamente um pobrezinho, quando o vestíssemos com estas tristes roupitas. E que mães e pais seríamos nós? Como seríamos olhados?

Mas, senhoras e senhores, este panorama já não existe. E é fácil perceber porquê. As famílias médias já não têm mais do que um ou dois filhos. As roupas já não são poupadas, mantidas na família, guardadas para o próximo rebento e usadas por três ou quatro crianças. As crianças já não têm dois pares de calças de ganga e um casaco de inverno: têm um par de calças de cada cor e feitio, dois blusões, uma canadiana, um corta-vento, uma gabardine… Cada peça é usada por uns meses, por uma estação ou duas, e alterna com outras, porque os meninos têm de andar sempre impecáveis e com a roupa toda conjugada. Quando deixa de servir, muitas vezes está como nova; e como foi comprada no ano passado, está perfeitamente na moda. Vejam o que se vende, e terão muitas surpresas. Se o vendedor foi consciencioso, encontrarão roupas óptimas a preços óptimos - e bem lavadas, passadas, dobradas e embaladas. Nada de cheiros estranhos!

As mulheres cuja conversa serve de pretexto para este post são todas mães inteligentes, instruídas e amorosas. Mas para algumas não é ainda possível ultrapassar dois grandes obstáculos: o aspecto emocional (vestir o meu filhote com roupinhas a estrear é um símbolo de amor e esmero; com um filho não se poupa) e o aspecto social (o meu filho não é menos do que os outros; como seremos vistos pelos nossos pares se andarmos para aí vestidos com roupa em segunda mão?).

Quem nunca teve estes pensamentos e receios que atire a primeira pedra. Não serei eu, que a primeira vez que entrei numa loja de roupa usada foi porque vi uma fantástica saia de marca para 2 anos na montra, que me pareceu rigorosamente nova, e só uma vez lá dentro é que percebi que tipo de loja era. Mas levei a saia, a saia era linda, e quando deixou de servir ainda foi o objecto de desejo de uma amiga com uma filha mais pequena. E juro que continuava a parecer nova.

Por mais difícil que seja no que toca à maternidade, tentemos deixar os aspectos emocionais de lado. Já sabemos que os nossos filhos merecem tudo: roupinhas novas e lindas, os mais fantásticos brinquedos do mundo, a melhor educação, toneladas de amor e atenção, legumes biológicos e fruta do quintal da avó. Os outros meninos, aliás, merecem precisamente o mesmo. Mas uma coisa é garantida: bebés e criancinhas não se podiam importar menos com a origem da roupa que vestem, e só pedem para estar confortáveis. Vesti-los com pouco investimento de dinheiro não é poupar à custa deles, é poupar para eles. Faça as contas ao dinheiro que poderia pôr de parte se tudo o que lhe compra custasse no mínimo dos mínimos um terço do que custa, e veja o que isso poderia significar para toda a família. E se a sua própria roupa também passasse a custar esse valor? E tudo isto sem sacrificar o aspecto estético, que não é de importância menor para uma mãe… afinal, todas nós levámos anos a vestir e despir bonecas, em preparação para a maternidade.

Quanto ao que os outros pensam…

Não, eu não acho hipócrita que se compre roupinha de marca em segunda mão, como já ouvi dizer, e se vista os filhos “de ponto em branco” por pouco dinheiro. Comprar roupa de marca em segunda mão é uma excelente decisão, porque se trata geralmente de roupa boa e bonita, como gostamos de vestir às nossas crianças, e ainda por cima a um preço baixo, em vez dos preços “imorais” que as lojas pedem por muita roupa nova. É, a meu ver, uma decisão melhor do que a de comprar roupa barata em primeira mão. Reparem: a roupa muito barata resulta quase sempre de trabalho precário e mão-de-obra muito (muito) mal remunerada, sendo algum deste trabalho infantil; não dura muito, pelo que depois de servir a uma ou duas crianças vai engrossar as pilhas de desperdícios que produzimos constantemente; e não tem grande procura em segunda mão, portanto não proporciona nenhum retorno do investimento inicial.

E se não quiser dizer a ninguém que compra roupa usada? Bem, não diga. Ninguém tem nada a ver com isso, de qualquer maneira. Acha que alguém vai perceber? Consegue dizer se o vestido da menina que brinca com a sua filha no parque foi comprado novo, ou é reciclado? Provavelmente não. E ninguém a obriga a exibir a sua situação económica, as suas escolhas, ou a sua filosofia de vida. Nem a ser uma defensora pública das compras em segunda mão. Se não lhe apetece entrar numa loja de artigos usados, compre online (mas acredite que a ida a uma loja dessas pode ser um experiência surpreendente, compensadora e divertida).

Dispa-se de preconceitos, e vista-se com roupa em segunda mão que até parece nova.

Foto daqui.

4 comentários:

  1. Não poderia estar mais de acordo. Não tirava nem acrescentava nem só uma vírgula.

    Adorei o post!

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  2. E QUEM "FALA" ASSIM, NAO É GAGO!!
    Completamente de acordo, qualquer pessoa que ache "impensável" comprar roupa em 2ª mão, deveria ler este post!!
    1000% de acordo (e sim um último zero a mais, foi de propósito).
    Beijinhos.

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  3. E QUEM FALA ASSIM NAO É GAGO!!
    Qualquer pessoa q ache "impensável" comprar roupa em 2ª mão, deveria ler este post!!
    "IMPÉÉKK" , é assim q descrevo TODAS as roupas de criança q recebi em casa, até hoje!!
    Beijinhos, e boas vendas .

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